sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Miguel Torga - Poema de Natal


NATAL

 

Velho Menino-Deus que me vens ver

Quando o ano passou e as dores passaram:

Sim, pedi-te o brinquedo, e queria-o ter,

Mas quando as minhas dores o desejaram...

 

Agora, outras quimeras me tentaram

Em reinos onde tu não tens poder...

Outras mãos mentirosas me acenaram

A chamar, a mostrar e a prometer...

 

Vem, apesar de tudo, se queres vir.

Vem com neve nos ombros, a sorrir

A quem nunca doiraste a solidão...

 

Mas o brinquedo... quebra-o no caminho.

O que eu chorei por ele! Era de arminho

E batia-lhe dentro um coração...

 
 

                                                                        Miguel Torga
 
(de seu nome Adolto Rocha, 1907 - 1995.  Médico de otorrinolaringologia.)
 

 
O espaço da casa onde viveu, em Leiria, está hoje integrado no Hotel Eurosol.
Voltaremos ao assunto, mais desenvolvidamente.
 
Manuel Paula Maça
 
 

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Aldeia do Mato - Subsídio Histórico 1747

Como que em aditamento ao post de 15 de Outubro de 2008, fica um legado do Padre Luís Cardoso, retirado do I volume do seu "Dicionário Geográfico...", de 1747.
Sabemos que muita documentação deste estudioso se perdeu no quadro do terramoto de 1755. Ainda viria o II volume (c. 1752). Mais tarde viriam as Memórias Paroquiais de 1758, anteriormente referidas.


Por ser oportuno, recordamos que em 1836 a freguesia de Aldeia do Mato foi anexada à de Martinchel e integrada no concelho de Constância.
Na mesma ocasião, as freguesias do Souto e Mouriscas foram anexadas e integradas no concelho de Sardoal. 
Outras freguesias foram retiradas ao concelho de Abrantes.
As coisas não correram bem. Protestos e tumultos populares levaram a que o Poder reintegrasse as freguesias no concelho de Abrantes, por meados de 1837 (1).
Quanto à junção das actuais freguesias da Aldeia do Mato e do Souto, não opinamos, já que poderiamos ter que invadir aspectos ou vertentes políticas subjacentes, onde as coisas parecem estar a ser feitas atabalhoadamente e à pressa, em ambiente de gabinete, com régua e esquadro.
Ainda assim, acrescentamos que, num estudo que fizemos em torno dos registos paroquiais da Aldeia do Mato, 1860 a 1911 (2), constatamos que a comunidade do Souto era a que mais ligada estava: casamentos e batizados (padrinhos e madrinhas). Mas vão lá mais de 100 anos!

(1) Para além da "Memória Histórica da Notável Vila de Abrantes" (anteriormente referida), Eduardo Campos deixou pormenores deste processo em "Cronologia de Abrantes no Século XIX".
(2) Publicado, em capítulos, no extinto jornal "A Nossa Terra Natal".

Manuel Paula Maça