ALDEIA DO MATO ABRANTES - REGISTOS PAROQUIAIS 1860-1911 - 4
Um trecho de Carreira do Mato
ALDEIA DO MATO 1860 A 1911
(UM
ESTUDO DOS REGISTOS PAROQUIAIS) – parte 4
Nas
mais diversas culturas, das sociedades primitivas às atuais, a ligação entre o
homem e a mulher foi sempre fenómeno natural e social, revestindo-se de
variadas regras e princípios, tendo normalmente subjacentes crenças religiosas,
suportes morais e filosóficos, interesses económicos e fundamentos biológicos.
Uma teia vasta, complexa e complicada, cuja abordagem caberia a psicólogos,
sociólogos, antropólogos e teólogos, mas que não se enquadra no âmbito do nosso
trabalho.
Convirá
lembrar que os casamentos teriam lugar na Igreja Paroquial, e que os lugares
indicados nos registos seriam os de fixação do novo casal, entendendo-se deste
modo que surjam lugares fora da freguesia e da paróquia da Aldeia do Mato.
Passemos
então aos 333 registos encontrados, reportados aos 52 anos que incluem 1860 e
vão até à porta de 1912.
4.1. Número de Casamentos e Distribuição
por Lugares
Temos
um total de 333 casamentos, com a seguinte distribuição geográfica: Não
estranhemos que alguns de vão fixar fora dos limites da freguesia.
LUGAR
|
QUANTIDADE
|
Aldeia do Mato
|
41
|
Bairro
|
16
|
Cabeça Gorda.
|
88
|
Carreira do Mato
|
98
|
Casinha.
|
1
|
Casais
|
28
|
Medroa
|
42
|
Vale de Chões
|
1
|
Vale Redondo
|
2
|
Amoreira
|
1
|
Alverangel
|
1
|
Casal do Rei
|
1
|
Casalinho
|
1
|
Mouxões
|
2
|
Pucariça
|
2
|
Raxão (Souto)
|
1
|
Rio de Moinhos
|
1
|
Vilelas
|
1
|
Sem indicação
|
5
|
TOTAL
|
333
|
4.2 Idade dos Nubentes
Em extratos bem definidos das sociedades há fatores
que são apontados como determinantes da idade do casamento, ainda que vários e
variáveis ao longo dos tempos. Parece-nos que num meio rural como o nosso, num
contexto de família patriarcal onde, por cultura e tradição, o homem era o chefe da família, seria importante se
ele estava ou não apto a prover ao seu sustento (ou à sua mera subsistência, afinal), ou seja, se tinha
terras, negócio ou ofício, ou se
estava disposto a ir vender a força do seu trabalho para angariar sustento,
mesmo que fosse longe da terra. Naturalmente que outras circunstâncias
imprevistas ou indesejadas poderiam, também, apressar, retardar ou, apenas,
determinar o casamento.
Verifica-se que, no período que estudamos, a
maior parte dos casamentos ocorria por volta dos 30 anos de idade. Em geral, o
homem tinha entre 29 e 31, e a mulher era 2 anos mais nova. Registamos casos
pontuais em que a diferença chegou aos 11 anos. Pontualmente, a mulher tinha a
mesma idade, ou era ligeiramente mais velha do que o homem.
Como caso
limite registamos um casamento de uma jovem com 16 anos e de três com 19,
não nos tendo sido possível colher a idade dos maridos.
4.3. Casamento em Segundas Núpcias
Parece-nos interessante saber em que medida
as pessoas voltavam a casar depois da viuvez, que atingia mais os homens, pois
muitas mulheres morriam durante a gravidez ou durante o parto. De um modo
claro, apuramos 22 casamentos em segundas
núpcias, verificando-se que em 13 casos o homem era viúvo e em 9 a mulher era viúva. Nestes 22 casamentos encontramos
apenas 1 em que tanto o homem como a mulher eram viúvos.
4.4. Distribuição por Meses
Apercebemo-nos
de um maior número de casamentos entre os meses de Novembro e Fevereiro. Em Novembro,
33; em Dezembro, 30; em Janeiro, 41; em Fevereiro, 81. Isto, num universo de
333 registos em 52 anos.
É
plausível admitir que o fim do ano agrícola e a matança do porco fizessem deste
período o mais indicado para fazer face às necessidades da boda, como costumam
lembrar os historiadores, mas, no caso, não é fácil provar tal asserção
4.5. "Mulher
de"
No
registo de óbitos encontramos referências que indiciam a existência de casais
sem casamento. Existem 9 registos de óbito de mulheres com a indicação "mulher de". Provavelmente,
pessoas e situações fora das regras da Igreja
(continua)
Manuel Paula Maça
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