ALDEIA DO MATO ABRANTES - REGISTOS PAROQUIAIS 1860-1911
ALDEIA DO MATO 1860 A 1911
NATALIDADE
2.1. Distribuição por Lugares
Nos
registos paroquiais constam 1214 Assentos de Batizado, que abrangem o período
de 1860 a
1911, inclusive. Importa lembrar que a implantação da República, ocorrida a 5
de Outubro de 1910, levou à criação do Registo Civil e à Separação da Igreja e
do Estado, com toda uma série de implicações também de carácter administrativo.
Assim se entende que os registos em apreço terminem em 1911, tendo o Padre
Manuel Lopes Alpalhão deixado escrita pela sua própria mão a seguinte nota: "Começa hoje, 1 de Abril, o registo
civil obrigatório". Mesmo assim, e como já foi dito, os registos
estendem-se a 31 de Dezembro desse ano.
Passemos
aos números e à distribuição por lugares, neste universo de 52 anos.
Lugar
|
Quantidade
|
Aldeia do Mato
|
165
|
Abrantes
|
4
|
Bairros (Cimeiro e Fundeiro)
|
98
|
Arroteia
|
2
|
Cabeça Gorda
|
281
|
Carreira do Mato
|
390
|
Casais
|
100
|
Figueiras
|
1
|
Medroa
|
147
|
Vale de Chões
|
14
|
Vale Redondo
|
8
|
Vale Salgueiro
|
2
|
Vales
|
1
|
Várzea da Portela
|
1
|
Total
|
1214
|
Agrupadas
pelo sexo, teremos::
-
Sexo feminino: 587
-
Sexo masculino: 627.
Parece
percetível que os lugares mais populosos seriam, por ordem decrescente,
Carreira do Mato, Cabeça Gorda, Aldeia do Mato e Medroa. Adiante verificaremos
que assim era.
Os
lugares com menos registos perderam expressão em termos de fixação de pessoas:
Figueiras, Vale Redondo, Vale Salgueiro e Várzea da Portela.
Os
4 registos de Abrantes poderão referir-se a expostos
(1)
vindos dali, embora sob alguma reserva decorrente das insuficiências dos
registos.
A
taxa de natalidade era elevada. Como limite, encontramos casais com 13 filhos,
sendo dominantes 4, 5 e 6. Não nos é possível a quantificação dos casos, devido
à frequência com que surgem pessoas com nomes iguais ou semelhantes, que é
problemático distinguir. Ainda assim, procuramos identificar casos limite, para
o que fizemos o cruzamento de nomes,
lugares e datas.
Fica
a nota de que identificamos 22 casamentos em segundas núpcias, onde os casais
mais novos tiveram filhos, mas em menor número. Lá iremos.
2.2.1.
Dois exemplos
Onze
filhos: Martinho dos Santos Victória casou com Maria
Joana, em 1865. O casal fixou-se na Aldeia do Mato. Ela tinha 16 anos; ele, não
sabemos. O primeiro filho nasceu um ano mais tarde, mas vieram mais 10. No
total foram 11: 7 rapazes e 4 raparigas. Morreram 2 rapazes e uma rapariga (2),
pelo que sobreviveram 8 filhos.
Maria Joana viria a morrer com 60 anos, ou
seja em 1909. De Martinho não temos registo de óbito, o que pode significar que
morreu depois de 1911 (onde terminam os registos) ou que poderá ter falecido
noutro lugar, até porque pertencia a uma família com ligação à freguesia do
Souto e a esposa faleceu em 1909.
Treze
filhos! António Damásio e Maria José casaram em 1868.
Fixaram-se nos Casais. Ele tinha 31 anos, mas dela não encontramos registos
anteriores. O primeiro filho nasceu um ano depois, mas vieram mais 12. No total
foram 13: 7 rapazes e 6 raparigas. Mas aqui a morte fez muito uso da sua foice implacável: morreram 5 rapazes e 2
raparigas, restando 6 filhos ao casal. António viria a morrer com 66 anos, ou
seja em 1903. De Maria José não sabemos mais nada.
2.3. Gémeos
Não
é possível uma identificação segura dos casos. Mas, recorrendo aos registos de
óbitos, encontramos claramente 10 crianças gémeas nascidas em 5 partos, onde se
percebe que morreram mães.
2.4. Tempo desde o Casamento até ao 1º
Filho
Também
aqui há insuficiência de dados. Mesmo assim, cruzando registos de nascimento e
de casamento, fica claro que, em regra, o 1º filho nascia até um ano após o
casamento.
2.5. Filhos Naturais e Ilegítimos
Encontramos
com frequência registos explícitos de crianças nascidas fora do casamento, com e sem a identificação do pai. Em muitos
casos, os progenitores casaram posteriormente. Ilegítimo ou Natural são
as frias notas que ficaram nos registos, sendo 71 os casos detetados (5,85% de
um total de 1214).
Segundo
a História de Portugal, dirigida por José Mattoso, (3)
"15,85% de todas as crianças batizadas
em 1860 eram filhos naturais ou expostos". No nosso caso a taxa é
bastante menor, mas começamos exatamente em 1860. Pelas notas que encontramos
nos registos de óbitos e de casamentos, anteriormente esta taxa seria mais
elevada.
2.6. Distribuição por Meses
Procuramos
apurar os meses em que ocorreu maior número de nascimentos, neste universo de
52 anos. Constatamos que o mês de Março detém o record, mas fica a ideia de que não haveria significativa
programação da natalidade.
(1) Os Expostos eram
crianças “recusadas” pelos progenitores, após o nascimento. Eram acolhidas por
instituições oficiais e frequentemente entregues aos cuidados de amas ou
famílias adotivas. Muitos expostos (ou enjeitados) foram acolhidos na Cabeça
Gorda, pelo menos até meados do século XIX. Não
nos agrada a expressão “abandonada” porque nesta situação estão crianças
depositadas em matas, caminhos e lugares onde acabarão por morrer. Com a
“exposição” havia o cuidado de entregar ou de fazer chegar a criança a alguém
que a cuidasse.
(2) Segundo o Registo de Óbitos, esta
jovem chamava-se Alexandrina Mendes Vitória e morreu na Estação de Belmonte,
Guarda, a 19.03.1899, aos 20 anos, em circunstâncias que desconhecemos.
(3) Edição
do Círculo de Leitores, V Volume
(continua)
Manuel Paula Maça
manoel.maza@gmail.comEtiquetas: Registos Paroquiais Aldeia do Mato Abrantes 1860 1911
<< Página inicial