Carreiradomato
Mais de 25 anos anos a debitar matéria (que se encontra publicada em revistas, jornais e livros - em co-autoria, neste último caso), levaram-me a pensar na hipótese dos blogs, sendo que um deles se relacionaria com a Carreira do Mato (e arredores).
Importará dizer que o militante da escrita busca alternativas, pois terá dificuldade em aceitar o alinhamento acrítico – cada vez mais perceptível – da imprensa local e regional (a nível nacional, parece-me), subordinada a interesses instalados ou em vias de tal, se não, mesmo, asfixiada com despesas de portes e outras exigências. Respeitaremos, naturalmente, os jornais de confissões religiosas, de inspiração partidária, de grupos profissionais, etc., quando claramente se assumem como tal. Pena é que os leitores não sejam mais exigentes em relação aos jornais que pagam, avulso ou por assinatura. Há algum tempo o meu amigo Carlos Camponez (professor na Universidade de Coimbra) chamava, aliás, a atenção para este fenómeno no seu livro “Jornalismo de Proximidade” (Minerva Coimbra, 2002).
Com o blog poderemos, então, contornar alguns constrangimentos.
Frequentemente alguns conterrâneos (normalmente estudantes, filhos de amigos e companheiros da infância e da adolescência) me vêm pedindo elementos históricos de que simplesmente disponho, por acaso, por sorte, por questões de pesquisa, organização e interesse, mas sobretudo porque a terra onde nascemos deixa, porventura, uma espécie de matriz que nos vai acompanhado ao longo da vida, e a tais desígnios não escapei.
Porém, com meia dúzia de linhas escritas neste espaço já aconteceram coisas que não esperava, assim como não espero voltar com explicações desta natureza.
1. Em jeito de brincadeira peguei numa história de que já nem me lembrava, que um conterrâneo e amigo me recordou, enquadrada na forma como nos encontramos no serviço militar em Santarém. Por opções pessoais e por direito que lhe assiste, ele entrega-se de corpo e alma ao combate político. É candidato municipal, dá o nome e a cara à sua causa. Navegamos em diferentes águas, mas as relações pessoais não têm cores, e de um extremo ao outro do xadrez político venham os amigos e as saudáveis memórias dos tempos que o tempo levou.
Os ecos, as alusões, as directas ou indirectas de bom ou mau gosto acabaram por surgir e dar mais visibilidade ao João. Como diz o nosso povo, isso não me aquece nem arrefece. Como homem da política, ele agradece, com certeza.
2. Pior, porque donde não esperaria, veio a advertência para que isto fosse mesmo um blog sobre a Carreira do Mato, com a suspeição, subentendida, de que outra coisa o escriba poderia estar a engendrar. O que seria grave – subentendi, também.
Não abdicando, embora, do direito a mudar de ideias (não creio que venha a mudar), este espaço não foi pensado para as lides da política, porque tal não está no horizonte das minhas ambições. Mas quem é que pode impedir-me ou desaconselhar-me a abordagem de questões políticas? Todos temos o direito a pensar diferentemente, sem mesquinhez e sem preconceitos. A diversidade de ideias e opiniões a todos enriquece, quando feita com seriedade, mesmo que com ironia ou bom-humor, já que isso pode ser saudável.
O objectivo destes escritos é exactamente o mesmo desses anos de labor na Gazeta do Tejo e em jornais mais modestos, mas com valor local (A Nossa Terra Natal, por exemplo), que entravam em casa das pessoas e costumavam ser lidos. Ao caso não importarão as intervenções na zona de Leiria, onde vivo e onde espaço para escrever não vai faltando.
Longe vão, felizmente (assim julgo), os homens providenciais e os tempos em que era proibido pensar, quando eu próprio subia aos pinheiros, descalço, ou ia a Abrantes e vinha, a pé, no mesmo dia, com nove e dez anos de idade.
Quanto aos conterrâneos e amigos que, amiúde, me batem ao ferrolho, continuarei disponível. Para além destas páginas continuem a dispor do email ou do telefone.
Manuel Paula Maça
manoel.maza@gmail.com
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