quarta-feira, 26 de setembro de 2012

NOSSA SENHORA DO TOJO, SOUTO - DOCUMENTOS

Chegou-nos hoje a edição n.º 321, de 20 de Setembro de 2012, do jornal ABARCA, onde é abordado o tema Senhora do Tojo (artigo de Ana Paredes Cardoso).
Por coincidência, ontem publicamos aqui uma breve nota sobre o mesmo assunto. Aproveitamos, então, para deixar alguns excertos de documentos, em complemento.



1 - Recorte das Memórias Paroquiais do Padre Luís Cardoso, 1758

Aqui, lê-se, em linguagem actual: "Nossa Senhora do Tojo em pouca distância do lugar do Souto junto ao caminho que do dito vai para a vila de Abrantes, entre uns pinhais, que também padeceu ruina já reparada. Era antigamente de muita romagem, principalmennte no mês de Outubro, no segundo domingo em que se lhe celebra festa e ainda agora nos dias de Verão".
A ruina referida ocorreu com o terramoto de 1755.



2 - Excerto de "Corografia Portugueza", do Pe. António Carvalho da Costa, publicada em 3 volumes, entre 1706 e 1712




3 - Excerto da página 91 do Aquilégio Medicinal, de Francisco da Fonseca Henriques, 1726



Manuel Paula Maça

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terça-feira, 25 de setembro de 2012

NOSSA SENHORA DO TOJO, SOUTO, ABRANTES



1. Li no jornal "Nova Aliança" (edição de 21 de Setembro de 2012) que "Como é tradição desde há muitos anos a festa anual de Nossa Senhora do Tojo realiza-se no segundo domingo de Outubro (...)."
Meu saudoso pai (conhecido pela alcunha de Zé Carolino) era natural da Ribeira da Brunheta, freguesia do Souto, concelho de Abrantes. Isto despertou-me, bem cedo, a curiosidade e o interesse pela vertente histórica da questão. 
Passados muitos anos, diversos e frequentes desentendimentos com o Revº Padre Rosa acabariam por levar o assunto às páginas da imprensa local. O jornal "Gazeta do Tejo", por exemplo, deu, aliás, nota das más relações de algumas franjas da comunidade com o sacerdote. Na ocasião, entrei nessa espécie de debate com base nos elementos históricos obtidos ao longo de muitos anos. Transcrevo passagens:

«Diz a lenda que umas crianças que guardavam um rebanho encontraram dentro de um tojo uma bonita imagem de uma santa. Recolheram-na e levaram-na para casa, mas desapareceu. Voltando ao tojo tornaram a encontrá-la e a levá-la, mas desapareceu de novo. O fenómeno repetiu-se, e acabou por levar à edificação da Ermida da Nossa Senhora do Tojo, em data que se desconhece.

Pegando na tradição e na lenda, António Carvalho da Costa (1) escreveu que "pondo-se fogo a hum mato no sítio, em que hoje está a Ermida, ficou hum tojo muy verde sem se queymar, & reparando nelle hum Pastorinho, achou dentro huma imagem pequena, & metendo-a no capello do gabão, sem saber o que levava, indo para casa, a não achou...". Diz ainda este autor tratar-se de "imagem milagrosa & de grande concurso de Romeyros".

Também a este propósito, Pinho Leal (2) escreveu que "É antiquíssima e não se sabe quando ou por quem foi fundada. É um templo pequeno, mas bonito, com alpendres aos lados, e casas para acolheita de romeiros (...) A sua festa principal é no segundo Domingo de Outubro".».

Ora, ao longo da minha adolescência e em idade adulta, a festa da Nossa Senhora do Tojo foi sempre, grosso modo, no primeiro fim de semana do mês de Agosto: uma celebração em honra da Senhora, em que, humanamente, se misturavam o profano e o sagrado, com o meu pai a integrar o cortejo, de vela na mão, em cumprimento de uma promessa pela ajuda que entendia ter recebido [da Senhora].   Isto, para uma achega histórica.  
Foi, então, recuperada a tradição.

2. Lamentavelmente, nem sempre a Senhora do Tojo foi motivo de concórdia entre os paroquianos de São Sivestre do Souto, algumas vezes, eventualmente e até, por rivalidades inúteis ou desnecessárias. Não sabemos das questões do ouro oferecido à Senhora, mas não nos passou ao lado a circunstância de no Boletim Paroquial Souto do Zêzere (Porte Pago), edição n.º 248, de 1997, constar "Nossa Senhora do Tojo, Padroeira da Paróquia do Souto". Não entendi e falei do assunto com  amigos na diocese de Leiria-Fátima. Coisa confusa, pois parecia usurpado o lugar de São Silvestre.
Já agora, recorro ao meu acervo documental, incluindo um artigo de última página do referido boletim (a última palavra seria escrita com "z" e não com "s", mesmo há 15 anos).



(1) Coreografia Portuguesa.

(2) Portugal Antigo e Moderno, 1816-1874.

Manuel Paula Maça
manoel.maza@gmail.com

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